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página 26

na página 26 do mundo diz que a gente vai vencer. mentira. a gente não se encontra faz tempo, a gente não ta mais fazendo arte. o que é que aconteceu? Você dizia que me amava e que nos encontraríamos por aí sempre e que nossa arte seria reconhecida e mudaria o mundo. mentira. Tudo que temos é um aluguel atrasado e uma perna por depilar. No frio dói mais. mesmo que a gente coloque 3 cobertores peludos o peito é faz diferença. o perto é térmico, o peito cura. eu pensava que teria filhotes como os teus brinquedos: cuidados como jóias, limpos, amados. Não, não há nada aqui. nem peito, nem cria, vem crença. Não aconteceu e temos que lidar com isso. Não to magoada, to bem viva, bem encolhida entre 8 cobertores que não me trazem ninho, só suor, suor que é pra ver se expurga o amargo e grosso líquido da resistência. foi bom desistir, foi bom perceber que pagar aquela conta era felicidade. felicidade é uma coisa pequena, que nem existe mas que a gente inventa dentro do corpo, do orgão qu...
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Deus(enir) da silva

acho que deus ta na reserva do chapecoense deus é um penetra numa festinha deus parou de fumar marlboro porque tava caro deus faz massagem deis come pizza deus tem medo de sarna, de carma, de cama deus é gordo deus ta cansado deus desistiu deus errou feio e ta confuso deus toma sertralina e frequenta reuniões em grupo não disfarça sobre sua identidade mas.... é motivo de piada deus quer se salvar antes de recomeçar deus ta perdido como todo mundo que não nasceu em berço de ouro deus chama maria que chama josé que aposentado fazendo continha no mercado pra ver se vai dar pra comprar queiro ralado ta tudo ralado ta tudo virando pó do ruim

Nota de falecimento

A piada morreu. O brasil morreu mas permanece vivo; país zumbi. Só nos resta produzir encantos, tomar um bom café com nossas sombras, exorcizar o roteiro programado de gestos diários, estranhar a vida como um primeiro beijo. O céu caiu, percebe? Mas há uns pedacinhos pequenos que a eu posso recolher, como quando você dorme, o cheiro único do seu sono na sua nuca. O sono é a casa da sua sabedoria. Ganhei um sonho nessa história interrompida. É preciso deixar brotar um rio em nós. É preciso orar por um Deus muito nosso, não inventado. E que a reza seja brava, seja doce, seja erótica. Inventar é erótico, a liberdade é erótica e podemos todos gozar no altar do bar da dona Rita. Fazer a aposta no meu próprio animal, desestruturar o confinamento do corpo, do afeto. Soltar o grito de todos nós, assoprar as bolas do sabão sujo, sorrir diante da mandinga, gargalhar mais forte que o mal. Lembrar que somos uma passagem e que é nosso dever produzir sentido Sentir Sinto muito mas est...

Perfume vagabundo - promoção

Vizinho, por favor, não passe tanto perfume. Não toco a campainha, nem digo isso. As vezes grito pela janela: que fedô. Que exagero! É inacreditável que alguém se suporte exalando um perfume tão forte, tão ruim. É agressivo, violento e invade meu espaço olfativo. isso me incomoda tanto quanto barulho, grito. Existe uma lei de atentado ao odor? Não sei quem ele é, ou ela...não sei sei que fede o tempo todo. quando é feriado então, ele capricha pro meu horror. Me dá mal humor, é forte, é desodorante eu acho. Não sei, sei que a quantidade tá errada, o horário tá errado, minha janela ta errada. Não sei como proceder. rezo para que ele desista, perceba ou o vidro acabe. E se ele comprar outro? afinal, ele gosta. Não sei qual é o apartamento: de baixo? de cima? acreditem, tanto faz...o cheiro sobe e desce, atormenta, invade, pressiona, mata. É de matar!  Filho da puta! Vai tomar no cú. Eu poderia tocar de porta em porta. mas vou perguntar o que? é Vc quem passa perfu...

De olhos vermelhos

toda páscoa a mãe de Ana fazia ovos. toda páscoa a mãe de ana fazia pegadinhas no chão. Com talco. Usava as pontas dos três dedos e simulava com capricho e perfeição as patas do coelhinho. toda páscoa a mãe de Ana não dormia para presenciar o acordar da menina e sua felicidade na manhã contente. ana gostava mesmo era das eróticas cenouras. tinha refluxo quando comia chocolate. Odiava pensar no coelho. Ele seria gigante, com cabeca enorme. Pavor, ana tinha pavor. Ana gostava mesmo era das cenouras. Eróticas, fálicas, laranjas e geladas. era o que lhe assegurava uma noite pré páscoa menos pior.

compro sua memória

a enfermeira muito segura pergunta ao homem por trás das grades: vc sente falta da liberdade deste lado? e ele: estou do lado da liberdade percebe? vc é que está presa.

vc estava chorando? Não.